Juízes de Primeiro Grau “devem ser valorizados” Juiz “desabafa” “falta Oficial de Justiça, escrivão, escrevente, assessor… papel, internet de qualidade”
Comentário nosso: A sociedade deve apoio ao Juiz que está na Comarca, ele é o primeiro a ter contato com a lide(problema), leia o artigo e entenda: Juízes de Primeiro Grau “devem ser valorizados” Juiz “desabafa” “falta Oficial de Justiça, escrivão, escrevente, assessor… papel, internet de qualidade”…
“…E quanto às férias de 60 dias, parece que são necessárias para termos o mínimo de sanidade mental e equilíbrio ante as grandes responsabilidades do cargo… Vale ressaltar que vários outros agentes públicos: deputados, senadores, professores vinculados ao serviço público, têm férias de 60 ou mais dias. Mas, acredito que a sociedade deve mesmo discutir o caso… Nós, Juízes de primeiro grau, usamos nossos próprios carros, inclusive para nos deslocar para Comarcas onde atuamos como substitutos, pagamos pelo uso de telefonia móvel para uso em serviço, a exemplo dos plantões, compramos os Códigos e livros, no mais das vezes caríssimos, que usamos no exercício da função…”
Magistrado comenta as limitações e os riscos para quem atua em cidades do interior!
Depoimento de um juiz de primeiro grau, em comentário enviado ao Blog:
O trabalho do Juiz, longe da ideia de glamour que sempre lhe cercou, é extenuante (cerca de 10 horas no mais das vezes), cercado de grandes responsabilidades (decidir a vida do próximo é uma das grandes responsabilidades que uma pessoa pode ter), cobranças (além de termos que alcançar anualmente metas de produtividade acerca dos milhares de processos que temos que instruir e julgar, temos constantemente que enviar relatórios do que fazemos. São dezenas de relatórios.), com grandes deficiências materiais e humanas (falta Oficial de Justiça, escrivão, escrevente, assessor… papel, internet de qualidade… – e por isso, quantas vezes não custeamos algumas despesas…).
A vida social do Juiz deve ser discreta e reservada, principalmente em cidades do interior, de forma que vínculos de amizade são evitados, o que atinge no mais das vezes até familiares, dentre eles crianças, para um Juiz morar fora da Comarca e estudar tem que pedir autorização ao Presidente do Tribunal, ou seja, direitos fundamentais elementares (direito de ir e vir, de estudar… este reiteradamente negado, mesmo sendo a pós-graduação, por exemplo, de 15 em 15 dias, nas sextas à noite e sábados pela manhã) para nós é limitado, e a questão da segurança, essa é um capítulo à parte… E olha, que nos pequenos interiores (alguns sem ao menos Raio-x ou soro antiofídico) compartilhamos do SUS com toda a comunidade e nossos filhos frequentam as escolas públicas, por total falta de serviço privado (o que deveria ser um orgulho, mas não é pela precariedade dos sistemas de saúde e educação públicos).
Na prática, nós, Juízes de primeiro grau, temos muito trabalho, muitas responsabilidades e não temos privilégios, o que obviamente é o correto, mas faço questão de explicitar para que não reste dúvida. E quanto às férias de 60 dias, parece que são necessárias para termos o mínimo de sanidade mental e equilíbrio ante as grandes responsabilidades do cargo… Vale ressaltar que vários outros agentes públicos: deputados, senadores, professores vinculados ao serviço público, têm férias de 60 ou mais dias. Mas, acredito que a sociedade deve mesmo discutir o caso… Nós, Juízes de primeiro grau, usamos nossos próprios carros, inclusive para nos deslocar para Comarcas onde atuamos como substitutos, pagamos pelo uso de telefonia móvel para uso em serviço, a exemplo dos plantões, compramos os Códigos e livros, no mais das vezes caríssimos, que usamos no exercício da função… E, antes, muitos dos nossos direitos nos são cerceados; são reiterados os casos de acúmulo de Varas, Comarcas e de funções, sem nenhuma contrapartida financeira.
Mas, o Poder Judiciário, infelizmente, tem sido alvo de críticas mordazes e generalizantes que têm denegrido sua imagem e a de milhares de Magistrados honestos, incansáveis e comprometidos.
Seguramente há casos de desvios de conduta e corrupção na Justiça, que devem ser seriamente investigados e punidos. Entretanto, tais casos são minoria e não podem ser considerados a regra como vem sendo feito de forma aleatória e irresponsável. E por isso fica a pergunta: a quem interessa isso?
Fonte:http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2013/07/16/a-vida-sem-glamour-do-juiz-de-primeiro-grau/
Observação: Certamente, por questões de ordem ética, o Juiz quis permanecer de forma anonimo.
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Nova corregedora Nancy Andrighi defende valorização do juiz de 1º grau e celeridade nos processos disciplinares
Fonte / Autor: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Publicado em 27/08/2014